…se trumbica! Nos idos e psicodélicos anos da década de 1970, Chacrinha criou este bordão que está mais atual do que nunca. O velho guerreiro foi um grande comunicador, simplesmente porque sabia como obter a atenção das pessoas. Se tinha que vestir uma fantasia a cada semana, lá estava ele fantasiado. Se tinha que jogar bacalhau para o auditório, lá estava ele arremessando o coitado do peixe! Ele tinha a arte de se fazer compreender porque falava a língua que o público entendia.
Recebi alguns comentários no post passado mencionando o ditado: “Sou responsável pelo que falo e não pelo que você entende”. Por um lado está correto, mas devemos considerar que a pessoa pode nos entender mal porque nós não soubemos nos expressar bem. E aí a responsabilidade é toda nossa. Então o melhor é facilitar nossa comunicação para diminuir os mal-entendidos. Prepare-se porque hoje o post está mais longo que o normal. Se estiver sem tempo, leia aos poucos, mas não deixe de conferir todas as dicas, pois tudo faz parte de um pacote de atitudes que vai melhorar a sua maneira de se comunicar.
Educação - pode parecer dispensável dizer isso, mas educação e respeito hoje em dia estão se tornando artigos raros. Começar uma comunicação sem educação já é condená-la ao fracasso, então não deixe de cumprimentar as pessoas no início de cada conversa. Preste muita atenção aos nomes de seus interlocutores, pois não tem nada mais chato do que perguntar, no meio da conversa, “qual é o seu nome mesmo?” Esta semana me deu um branco e esqueci o nome de uma leitora do blog com quem estava conversando pessoalmente. Que mico! Continuei a conversa numa boa até que ela disse que me daria seu telefone. Pensei: bacana, vou gravar no celular e ela vai me dizer o nome completo! Que nada, ela me deu só o número… mas para resolver de vez, pedi o e-mail. Ufa, deu certo! Que bom que o e-mail dela não era fofinhadobairro@lindinha.com… Então, se você esqueceu o nome da pessoa, dê um jeito, só evite essa infeliz perguntinha.
Objetividade – se você não é naturalmente objetiva (assim como eu!), treine. Isso mesmo! Pense no que vai falar e já vá cortando tudo o que é repetitivo, irrelevante e dispensável. Vá direto ao ponto e só fale o que de fato interessa.
Vocabulário – as pessoas tendem a gesticular demais ou repetir a mesma coisa por falta de vocabulário. Não adianta falar uma frase pela metade e querer que o outro se vire para entender. Evite frases como: “fui lá naquela empresa, mas me senti… sabe assim?” Prefira terminar a frase com uma palavra que realmente defina o que você sentiu. Mas para isso, você precisa enriquecer seu vocabulário. Leia bons livros, estude e OUÇA o que pessoas interessantes falam. Não repita em uma reunião de negócios o que você ouviu num programa de TV domingo à tarde. Seja seletiva e procure se envolver com livros, filmes, programas de TV e, porque não dizer, pessoas de qualidade.
Fuja dos modismos – não use “tipo” no meio de tudo e qualquer coisa. “Eu fui lá e, tipoooooooo, não gostei”. Também tome cuidado com a palavra “literalmente”. Ela só deve ser usada quando o sentido da palavra for literal e não uma expressão, exemplo: “Levei um susto tão grande que, literalmente, caí da cadeira”. Isso quer dizer que a pessoa, de fato, caiu da cadeira e realmente levou um tombo. É errado dizer “fui numa liquidação e fiquei literalmente louca com as ofertas”. Se você ficar literalmente louca, terá que ir se tratar…
Posicione seu interlocutor na conversa – não adianta você falar de pessoas e coisas que seu interlocutor não conhece ou que vão deixar detalhes importantes no ar. Imagine que eu esteja conversando com você e lhe diga: “A Mariana me mandou tomar esse remédio aqui”, só que você não tem ideia de quem seja essa Mariana e, ainda por cima, vai ficar pensando que eu sou biruta por tomar um remédio que uma qualquer mandou. Seria tão simples dizer “Minha médica me receitou esse remédio”. Pronto, já não sou mais biruta!
Tempo é dinheiro – principalmente no mundo empresarial, então procure não gastar o tempo dos outros com assuntos pessoais. Exemplo: você chegou atrasada para uma reunião porque foi assaltada e não deu para avisar, pois levaram seu celular. Apesar de ser justificável, isso não lhe dá o direito de gastar ainda mais o tempo dos outros contando tudo o que aconteceu e tumultuando a reunião. Ninguém vai querer detalhes de como o bandido era, a não ser que sua reunião seja com um desenhista especializado em fazer retrato-falado. Então seja breve: “Fui assaltada e levaram meu celular, por isso não pude avisá-los, me desculpem pelo atraso”. Isso demonstrará profissionalismo, seu respeito pelos demais e equilíbrio mesmo em situações mais extremas.
Gerundismo - vou estar falando sobre o gerundismo. Pronto, já falei. Gerundismo é essa coisa horripilante que surgiu de péssimas traduções inglês-português de manuais de atendimento ao público. Por isso você ouve atendentes de telemarketing dizendo “vou estar transferindo a sua ligação”. Elas foram ensinadas a falar errado, infelizmente. Use o simples: vou falar, vou transferir, vou fazer, vou desligar.
E, para terminar, quero fazer um parêntesis sobre uma dica muito bacana que a leitora Juliana Sales publicou nos comentários da semana passada. Ela disse:
…o post de hoje me levou a meditar sobre o seguinte: não é somente quem fala que deve tomar cuidado, mas também quem ouve, para não chegar a conclusões erradas e sem fundamento! Nada de maus olhos ou maus ouvidos…Então, meninas, se alguma coisa que você ouviu não lhe caiu bem, antes de julgar (e até mesmo condenar), fale, questione, tire as dúvidas. Pode ser que você tenha entendido mal e tirou a chance da pessoa se explicar.
Nos vemos!
http://www.cristianecardoso.com/pt/2013/05/09/quem-nao-se-comunica-2/